GREVE NA UFPB: O PREJUÍZO MAIOR É PARA O ALUNO......


Com os livros em mãos, a estudante de engenharia elétrica Ana Caroline Romão foi à Biblioteca Central da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) devolvê­los, mas encontrou o local fechado em consequência da greve iniciada no final de maio.

Professores e técnicos da instituição paralisaram as atividades e não têm previsão de retorno.

Eles reivindicam reajuste salarial e melhores condições de trabalho. Enquanto isso, a comunidade acadêmica lamenta os prejuízos.

Ana Caroline está no 7º período do curso, de um total de 10. Ela contou que essa é a segunda greve que enfrenta desde que entrou na instituição de ensino, ainda em 2012. A previsão para se formar e receber o tão sonhado diploma era no final do próximo ano, o que dificilmente vai acontecer, tendo em vista o atraso no calendário acadêmico da UFPB.

Para a estudante, a greve traz sérios prejuízos para os alunos. “Se a gente demora mais a se formar, o ingresso no mercado de trabalho também é adiado”, frisou.

Ana contou que estudava em escola pública e já sofria com paralisações. Agora, no ensino superior, ela vê que as coisas não são muito diferentes. “O prejuízo maior é para o aluno. Tenho colegas que perderam oportunidade de trabalhar em outro Estado por não terem mais previsão de concluir o curso”, declarou.

A greve também é motivo de tristeza para Rayssa Castro, aluna do 9º período do curso de fisioterapia. Segundo ela, que tinha a esperança de concluir a graduação no final deste ano, o que sobrou foi o sentimento de revolta pelo atraso, embora considere justa a reivindicação dos professores e técnicos administrativos da instituição. Rafael Nogueira, por sua vez, se preparava para cursar o último período do curso de odontologia, quando foi surpreendido pela informação da greve na universidade. Ele, que já apresentou o Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) no período passado, tinha que cumprir apenas os créditos referentes às aulas práticas na clínica.

A turma de Nogueira entrou com um processo administrativo e conseguiu manter o calendário. Já a colação de grau, prevista para agosto, é uma incerteza. “Só acontece se o processo for deferido”, destacou. A greve na UFPB teve início no final de maio.

O movimento foi deflagrado por tempo indeterminado e deixou cerca de 38 mil alunos sem aulas. Inicialmente o pedido de reajuste salarial era de 27,3%. Os servidores técnicos também paralisaram as atividades, por isso serviços como biblioteca, restaurante e outros setores da instituição, como laboratórios práticos, estão suspensos. A negociação acontece em âmbito federal e ainda não há previsão de acordo. Na última quarta-­feira, em assembleia, os professores votaram pela continuidade do movimento.

Greve atinge outras instituições
Outras instituições de ensino superior do Estado também estão em greve, o que compromete o calendário letivo. Na Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), os professores decidiram cruzar os braços há dois meses. Eles reivindicam reajuste salarial de 8%. Com a greve, cerca de 24 mil alunos de todos os campi da instituição estão sem aulas. A categoria também pede melhorias estruturais nas unidades, o que representaria, por consequência, melhorias nas condições de trabalho dos docentes. A instituição estava encerrando o período letivo.

Os servidores técnicos também estão em greve. O reitor da UEPB, Rangel Júnior, disse que não quer se colocar em uma posição de confronto com os grevistas, mas afirmou que não “pode fechar os olhos para uma realidade que considero gritante”. Ele se referiu ao fato da greve ter iniciada no final do período.

O reitor disse que se preocupa com a comunidade acadêmica, sobretudo com os alunos que estão concluindo os cursos. “Há estudantes que passaram em seleção de mestrado em outras instituições e precisam da declaração da UEPB. Infelizmente, com a greve, os sonhos desses alunos ficam comprometidos”, lamentou.

O apelo do reitor é para que os grevistas reavaliem o movimento e retomem as atividades para minimizar os danos aos alunos. “Acho que não podemos desumanizar esse contato com os estudantes. É preciso respeitar esse momento da vida deles, é um sentimento total de frustração”, declarou. Ainda de acordo com Rangel Júnior, diariamente professores e alunos têm mostrado preocupação com a greve. Alguns docentes, segundo ele, não aderiram ao movimento e reprovam a decisão.

Por fim, o reitor disse que o orçamento da universidade, da forma como foi aprovado, não tem margem para reajuste. “Entretanto, vou tentar negociar com o governo para que o reajuste de 1% concedido aos servidores estaduais seja estendido para os da UEPB, inclusive retroativo a janeiro”, revelou Rangel.

DO JPB

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