ODEBRECHT VAI DELETAR MAIS DE CEM POLÍTICOS ....
Publicado dia 29/07/2016
Os depoimentos dos executivos da Odebrechet estão previstos para começar hoje

Nas
negociações do acordo de delação premiada, executivos da construtora
Odebrecht, entre eles o ex-presidente da empresa Marcelo Odebrecht,
apontaram mais de cem deputados, senadores e ministros, entre outros
políticos, como beneficiários diretos de desvios de dinheiro público, ou
como recebedores de outras vantagens, como repasses de verba para suas
campanhas, por exemplo. Entre os citados há pelo menos dez governadores e
ex-governadores, segundo informou ao GLOBO uma fonte ligada às
investigações.
Entre os citados nas negociações
preliminares estão o governadores do Rio, Luiz Fernando Pezão (PMDB); de
São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB); e de Minas Gerais, Fernando Pimentel
(PT). Não estão claras ainda as circunstâncias em que cada um dos
governadores aparece no roteiro das delações. Na lista também constam
vários ex-governadores, entre eles Sérgio Cabral (PMDB-RJ). As
informações sobre Cabral, que já foi citado por outros delatores, entre
eles Paulo Roberto Costa, ex-diretor da Petrobras, são consideradas
consistentes pelos investigadores.
Os depoimentos dos executivos da
Odebrechet estão previstos para começar hoje, segundo o blog do
jornalista Lauro Jardim, do GLOBO. Serão 15 os depoentes.
Os acordos de delação de Marcelo e de
outros diretores da empresa são os mais temidos desde o início da
Operação Lava-Jato, há dois anos. Maior empreiteira do país, a Odebrecht
tem obras e contratos com a administração pública dos três Poderes, e
em praticamente todos os estados do país. Só no ano passado, a empresa
faturou mais de R$ 130 bilhões com negócios no Brasil e no exterior.
Depois de uma primeira etapa complicada,
com avanços e recuos, os acordos de delação da Odebrecht estão
avançando de forma significativa. Após acertos prévios com advogados, os
procuradores estavam até agora conversando com os investigados. Nessas
conversas prévias, os réus apresentam as linhas gerais das denúncias a
serem feitas, conforme as bases estabelecidas nos entendimentos iniciais
entre advogados e o Ministério Público Federal.
— Foi superada a fase da conversa entre
procuradores e advogados. Agora, a conversa é entre procuradores e réus.
Nessas conversas eles indicam o que realmente vão dizer — disse uma
fonte que acompanha o caso.
ARQUIVOS DA PROPINA
As negociações avançaram tanto que ontem
era dado como certa a assinatura do acordo de Marcelo e outros
executivos. As tratativas evoluíram, sobretudo, depois que advogados da
empresa informaram ao Ministério Público Federal que estavam conseguindo
recuperar os arquivos eletrônicos do Setor de Operações Estruturadas da
Odebrecht, destinado a pagar propina a pedido de outras áreas da
empresa.
As provas constantes nesses arquivos são
consideradas essenciais para o desfecho das negociações. Procuradores
exigiram que os investigados apresentem um quadro claro sobre os
repasses de dinheiro de origem ilegal a autoridades. Para eles, não
bastava aos executivos simplesmente fazerem menções a pagamentos. Era
necessário que as acusações estivessem amparadas em indícios.
Procuradores não queriam correr o risco de ouvir relatos importantes,
concordar com benefícios penais para os réus e, depois, não terem como
denunciar e punir os parlamentares, ministros e governadores acusados.
Com a disposição de contar mais e
apressar a busca de provas, a Odebrecht saiu na frente da construtora
OAS, uma de suas principais rivais. É possível que a Odebrecht feche
acordo antes da OAS, mas isso não significa que esta empreiteira vá
ficar sem um entendimento com o Ministério Público Federal. Está marcada
para hoje uma nova rodada de negociação entre advogados da OAS e
procuradores, e é possível que o caso ganhe novos desdobramentos.