POR QUE TODO MUNDO NÃO FALA A MESMA LÍNGUA?



 

Porque as línguas foram surgindo nas várias regiões do mundo de forma independente. Algumas têm a mesma origem, como o hindu, o sueco, o inglês e o português. Eles vieram de uma grande língua comum, chamada proto-indo-europeu, que há milhares de anos era falada na Ásia. Esse idioma deu origem a quase todas as línguas ocidentais e algumas orientais. “Supõe-se que o indo-europeu tenha sido uma língua só, que foi se diferenciando com o tempo”, explica o professor de linguística Paulo Chagas de Souza, da Universidade de São Paulo.
É que as línguas são vivas – elas se transformam com o uso. Mesmo as que vieram de uma raiz comum foram sendo modificadas pouco a pouco pela prática de cada grupo falante, que seleciona os termos adequados ao seu ambiente e à sua cultura. Os esquimós, por exemplo, criaram palavras capazes de descrever 40 tons de branco. Esses termos não fazem o menor sentido para um povo que mora no deserto, concorda?
O Império Romano teve uma forte função na difusão e na construção de muitas das línguas que são faladas hoje. Naquela época, na região de Roma, falava-se o latim, uma língua derivada do proto-indo-europeu que floresceu na região do Lácio. À medida que o império avançava, conquistando novos territórios, esse idioma foi sendo imposto aos povos dominados, mas não sem sofrer influência das línguas locais, com mudanças de pronúncia e enxertos de palavras. Com o enfraquecimento do domínio dos césares, essas diferenças foram se intensificando e construindo dialetos, que se transformaram em idiomas próprios. Foi assim que surgiu o português, o italiano e o francês, por exemplo.
Hoje são faladas 7.099 línguas ao redor do mundo, segundo o compêndio Ethnologue, um livro que cataloga os idiomas do nosso planeta desde 1950. Mas a gente não ouve a maioria delas: mais de 90% dessas línguas estão na boca de apenas 6% dos habitantes da Terra. O restante da população mundial usa menos de 400 idiomas.
O português brasileiro
O português demorou mais de 200 anos para se consolidar no Brasil. No final do século 17, o tupinambá, um dos dialetos do tupi, era o que mais se escutava por aqui. Para não perder o predomínio político na colônia, Portugal proibiu que crianças, filhos de portugueses e indígenas aprendessem outra língua que não o português. Mas a língua que falamos hoje não é idêntica à que se fala em Portugal. O “português brasileiro” também é resultado de um amplo e complexo processo de transformação sofrido ao longo dos anos, com importantes contribuições dos escravos africanos e de imigrantes que vieram de vários cantos do mundo. Mas, ainda hoje, 237 línguas são faladas no País. Desse total, 216 estão vivas. Delas, 201 são indígenas
e 153 correm risco de ser extintas.
4 coisas que você não sabia sobre idiomas
1) O Ethnologue lista 237 línguas no Brasil. Desse total, 216 estão vivas e 21, extintas. Das vivas, 201 são indígenas e 15, não indígenas. Além disso, 56 estão em perigo e 97, morrendo.
2) Na Espanha, são 15 no total, entre elas o basco e o catalão. Na ditadura de Franco, essas línguas foram proibidas, mas o decreto caiu no fim dos anos 1970.
3) Na Índia, um país com mais de 1 bilhão de habitantes, o número de línguas catalogadas chega a 462. Desse montante, 448 estão vivas e 14, extintas.
4) Nos Estados Unidos, o número de línguas catalogadas chega a 231. Dessas, 220 estão vivas e 11, extintas. Das vivas, 196 são indígenas e 24, não indígenas.

Fonte: Superinteressante

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