CURVA DE CONTÁGIO NA PARAÍBA SEQUE ESTÁVEL ...
Secretário executivo avalia que o maior desafio é começar a reduzir números de casos
A Paraíba completa, nesta sexta-feira (18), seis meses desde que o primeiro caso de Covid-19 foi confirmado no estado e os dados mostram que o estado chegou ao topo da curva de contágio, seguindo estável com uma média de 700 novos casos e entre 10 e 15 mortes por dia. O G1 fez uma análise dos dados epidemiológicos da doença e faz um balanço deste semestre de pandemia.
Os números de novos casos e novas mortes confirmadas pela doença no estado começou a subir drasticamente a partir do segundo mês de pandemia (entre abril e maio), atingindo o pico entre os meses de junho e julho, quando o estado chegou ao final do quarto mês de pandemia. Nos dois meses seguintes, o número absoluto de novos casos e novas mortes começou a cair, mas não na mesma velocidade do início da doença.
Fazendo uma cronologia do avanço da doença no estado, os primeiros 10 mil casos aconteceram em um intervalo de aproximadamente 60 dias, saltando para mais de 100 mil confirmações em menos de 120 dias.
“A gente agora discute mais a retomada e a flexibilização [da economia] do que como fazer o vírus parar de alcançar as pessoas, e isso é preocupante. Nossa prioridade precisa ser responder a pergunta de como vamos conseguir fazer com que o vírus saia destes níveis e diminua o contágio”, diz o secretário executivo de gestão da rede de unidades de saúde da Paraíba Daniel Beltrammi.
Perfil epidemiológico
As mulheres paraibanas foram mais atingidas pela doença do que os homens, apesar de que os casos mais graves e os óbitos são mais recorrentes nas pessoas do sexo masculino. Em seis meses, 63.850 mulheres foram contaminadas com a doença no estado, contra 51.509 homens. A faixa etária com maior contaminação, em ambos os sexos, foi a de entre 30 e 39 anos.
Em relação aos óbitos, nestes seis meses, 1.483 homens morreram de Covid-19 na Paraíba, contra 1.144 mulheres. Em relação à faixa etária, o número de mortos aumenta conforme a idade avança, sendo que 1.938 óbitos foram registrados em pessoas com mais de 60 anos (824 com mais de 80, a faixa etária mais atingida), contra 689 em pessoas com 59 anos ou menos.
Segundo os dados da Secretaria de Saúde da Paraíba (SES), 26,41% dos mortos por Covid-19 tinham diabetes, a maior proporção de óbitos confirmados segundo comorbidades e fatores de risco. 25,66% dos mortos eram hipertensos e 17,91% cardiopatas, sendo que algumas destas pessoas possuíam duas ou mais comorbidades.
João Pessoa continua sendo a cidade mais afetada pela doença, com 28.765 casos confirmados e 867 óbitos neste período. Campina Grande aparece em seguida, com 12.710 casos e 362 mortes. Guarabira fica em terceiro com 4.409 casos e 66 mortes, Patos em quarto com 4.049 casos e 88 mortes e Santa Rita fecha as cinco cidades com mais casos com 3.274 registros e 150 óbitos.
Desafio e legado
Segundo Daniel Beltrammi, o maior desafio para baixar a curva de contágio nos próximos meses é o período eleitoral, com as campanhas políticas que, historicamente, geram aglomerações.
“A atividade política é uma atividade humana, de proximidade, de troca de ideias. As pessoas ficam na expectativa de que tudo aconteça como sempre foi. O povo espera a aproximação dos candidatos, os abraços, e os candidatos pensam que precisam se aproximar das pessoas. Só que estamos no meio de uma pandemia e é exatamente este contato que faz com que uma pessoa adoeça e eventualmente perca a vida ou que essa pessoa leve o vírus para alguém que vai adoecer e perder a vida”, diz o secretário.
Para Beltrammi, a campanha e as eleições devem ser feitas com muito cuidado, assim como a retomada da economia nas cidades e atividades que já têm novos protocolos de convivência com a doença.
“Todas as atividades presenciais têm que ser feitas em espaço aberto, com menos de 50% da capacidade total de pessoas. O distanciamento social tem que ser feito, para garantir a segurança dos eleitores e também dos candidatos, que neste período entram em contato com um número incontável de pessoas. Preservar a saúde de todos é importante porque ninguém é invulnerável à Covid-19”, diz.
Para os próximos meses e para os próximos anos, o secretário acredita que o aprendizado rápido, necessário para o combate urgente à doença, é o maior legado da pandemia no estado. “Durante estes meses tivemos a oportunidade de melhorar a nossa rede de assistência à saúde e treinar os profissionais para lidar com uma coisa que era completamente desconhecida. Esse aprendizado fica com todo mundo e com certeza vai ajudar a pensar a questão da saúde no estado pelos próximos 20 anos”, completa.